Doutorado em Engenharia Mecânica é um dos vencedores dos “Prémios ULisboa – redeSAÚDE”

Um dos galardões da 1.ª edição dos Prémios ULisboa- RedeSAÚDE foi conquistado por um doutorado do Técnico. Rui Coelho conquistou o 1.º prémio da categoria “Melhor Trabalho de Doutoramento em Investigação Aplicada” desenvolvido no âmbito do doutoramento em Engenharia Mecânica, que concluiu recentemente com a qualificação “Aprovado com Distinção e Louvor”. A entrega dos galardões teve lugar na 5.ª Conferência Anual da redeSAÚDE, no passado dia 30 de novembro.

O jovem doutorado assume sentir-se “honrado por receber este prémio, numa área de interface entre a engenharia e a medicina” e que tem vindo a explorar nos últimos anos como investigador.

O objetivo da tese de doutoramento distinguida foi, como nos explica o autor da mesma, “aprofundar a compreensão da neuromecânica da locomoção humana e, em particular, da modulação de impedância mecânica do tornozelo, tendo em vista o desenvolvimento de sistemas de apoio à locomoção e para reabilitação motora de doentes neurológicos”. O trabalho foi realizado no Human Robotics Lab, no Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC), sob a orientação do professor Jorge Martins, docente do Departamento de Engenharia Mecânica, em cooperação com o Dr. Hermano Igo Krebs, do Newman Laboratory for Biomechanics and Human Rehabilitation, do  Massachusetts Institute of Technology ( MIT).

Neste trabalho, Rui Coelho abordou três componentes essenciais ao controlo neuromotor na locomoção. “Em primeiro lugar, baseado em metodologias de Deep Learning, desenvolveu-se um sistema capaz de estimar em tempo-real a cinemática do pé ao longo da passada e determinar o tipo de terreno em que essa passada ocorre”, explana o alumnus. “O algoritmo de classificação do terreno em tempo real consegue não só determinar o tipo de terreno, mas também detetar transições entre terrenos, com uma latência passível de ser utilizado para controlar um exosqueleto, por exemplo”, complementa.

Em seguida, e ainda no âmbito desta dissertação, desenvolveram-se “métricas capazes de aferir movimentos rítmicos e movimentos discretos em locomoção, que tem grande relevância na avaliação clínica de doentes neurológicos”, refere Rui Coelho.

Relativamente à impedância mecânica do tornozelo, que define qual a resposta dinâmica da articulação face a perturbações externas, estudou-se a sua modulação ao longo das diferentes fases da passada e como a velocidade da marcha afeta essa modulação. “Também se analisou a impedância mecânica em doentes com AVC [acidente vascular cerebral], em que se verificou que as alterações neurológicas afetam os parâmetros de rigidez e amortecimento do tornozelo”, aponta o antigo aluno.

Rui Coelho frisa que esta caracterização detalhada da marcha “define a próxima geração de sistemas de apoio à locomoção e de reabilitação”.

O doutorado do Técnico considera que o principal fator distintivo foi “este ser um trabalho em que fica mais uma vez demonstrado que é na interface entre a engenharia e a medicina que se vão encontrar soluções para problemas que, por natureza, não pertencem exclusivamente a um determinado domínio científico”.

Foi através do seu orientador que Rui Coelho teve conhecimento da existência. “Decidi concorrer para poder melhor divulgar o que se faz nesta área de investigação no Técnico e, em particular, no IDMEC, para uma audiência tipicamente fora da esfera da Engenharia”, partilha.

Os Prémios ULisboa – redeSAÚDE têm como objetivo incentivar o estudo e a investigação na área da saúde, distinguindo para tal os melhores trabalhos de mestrado e de doutoramento realizados na Universidade de Lisboa e ligados a esta temática.

O júri desta 1.ª edição foi presidido pela professora Maria Helena Monteiro, docente do ISCSP, tendo ainda integrado o professor Mário Gaspar Silva, docente do Instituto Superior Técnico, o professor Manuel Laranja, docente do ISEG, a professora Cláudia Lobato, docente do Técnico,  o professor Carlos Farinha, docente da Faculdade de Ciências,  a dra. Francisca Leite, diretora do Hospital da Luz Learning Health, e o professor Hugo Gamboa, fundador da Plux.

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