Projeto de alunos do Técnico testa UAV de deteção de incêndios no Parque Natural Peneda Gerês

Aeronave VTOL permite sobrevoar florestas autonomamente e detetar incêndios com base em algoritmos de machine learning.

O projeto UAV-ART, pertencente ao AeroTéc (Núcleo de Estudantes de Engenharia Aeroespacial do Técnico) realizou, no dia 26 de julho, uma demonstração de voo em contexto real, em Arcos de Valdevez, de forma a testar o seu mais recente aeromodelo, desenhado para a identificação e prevenção de incêndios.

Fundado em 2018, o UAV-ART, é um projeto de investigação que se dedica à criação de aeromodelos de asa fixa capazes de voar autonomamente.

Desde a construção do aeromodelo, o design de controladores de voo, a integração dos sistemas eletrónicos e a análise de imagens durante o voo, o projeto prima pela multidisciplinaridade e vertente educativa para os futuros engenheiros que integram a equipa.

No início deste ano letivo, o UAV-ART aceitou um novo desafio – o de dedicar os seus aeromodelos autónomos à monitorização florestal e prevenção de incêndios, uma causa de grande relevância a nível nacional. Desta forma, o trabalho desenvolveu-se de modo a tirar proveito dos algoritmos de visão e controlo desenvolvidos pela equipa, capacitando os nossos aeromodelos a detetar incêndios e a avisar o operador da localização detetada. Foram tomados os primeiros passos para este objetivo numa demonstração de voo que ocorreu em Arcos de Valdevez.

Em colaboração com a Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, realizou-se um ensaio prático, onde participaram elementos das forças de segurança e proteção florestal, tais como, bombeiros, proteção civil, o Comandante Distrital de Operações de Socorro de Viana do Castelo, IPVC, UEPS e elementos do município e municípios vizinhos. Esta demonstração de voo teve como objetivo testar o aeromodelo numa situação real, em que fosse chamado a agir em terreno irregular e desconhecido e registar a eficácia do voo e dos algoritmos de deteção. Como, felizmente, não se encontrava nenhum incêndio a decorrer, o algoritmo de deteção foi programado para detetar pessoas e veículos ao invés.

Para construir e realizar eventos como este último, foi necessária uma organização intensa dentro do projeto, articulando as cinco equipas constituintes (Estruturas e Aerodinâmica, Controlo, Sistemas, Visão e Marketing) num objetivo comum e com prazos definidos, de forma a integrar todas as partes fundamentais de um aeromodelo, num produto final, totalmente capaz e funcional. Assim, em conjunto com uma coordenação e liderança exemplar constitui-se o projeto, ligando todos os seus colaboradores.

O trabalho de cada equipa foi fundamental para o sucesso desta nova aeronave, que é particularmente diferente de uma aeronave convencional. Trata-se de um aeromodelo VTOL (Vertical Take-Off and Landing), capaz de descolar e aterrar verticalmente, sem necessitar de corrida de descolagem, nem de uma pista de aeromodelismo. Esta nova complexidade exigiu um trabalho de pesquisa e de inovação que abrangeu desde os algoritmos da equipa de Visão, que permitem detetar incêndios e movem o propósito deste aeromodelo, até às componentes de base essenciais como a parte estrutural e de eletrónica que permite que o aeromodelo consiga atingir os locais onde pretendemos operar.

Este ensaio foi registado pelas equipas como um sucesso, conseguindo demostrar as funcionalidades e capacidades do VTOL, e a eficiência da equipa na organização de um evento. Assim, é possível uma maior divulgação do projeto à comunidade, de forma a sensibilizar para os problemas florestais, nomeadamente os incêndios, mas também mostrar à comunidade e ao mercado de emprego os projeto académicos e os seus colaboradores, que serão, num futuro próximo, os próximos engenheiros da sociedade.

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