Estudante do Técnico lança foguetão na Noruega em iniciativa da Agência Espacial Europeia
Gonçalo Martins obteve nota máxima no período de avaliação do programa, tornando-se o único português a integrar a equipa de 24 estudantes por detrás do lançamento do QUACK I.
Andøya é uma ilha norueguesa cerca de 300 quilómetros a norte do Círculo Polar Ártico. Foi lá que Gonçalo Martins, aluno da Licenciatura em Engenharia Aeroespacial do Instituto Superior Técnico, viu ser lançado um foguetão que ajudou a construir – o QUACK I –, a 22 de agosto. A oportunidade surgiu do projeto “Fly a Rocket!”, desenvolvido pela Agência Espacial Europeia (ESA) em colaboração com a Andøya Space Education e a Norwegian Space Agency, direcionado para estudantes universitários com interesse no setor Espacial.
Dos 100 participantes selecionados para participar nas formações online do “Fly a Rocket!”, 24 foram escolhidos para compor a equipa responsável pelo lançamento em Andøya. Gonçalo foi um deles, uma vez que obteve a nota máxima nas avaliações, que incidiram sobre tópicos como dinâmica de foguetões e eletrónica. “Senti-me muito feliz e realizado por ter sido selecionado entre os melhores alunos interessados em Espaço oriundos dos vários países membros da ESA”, partilha, sublinhando também que, sendo estudante de primeiro ano, enfrentou o desafio adicional de ter de estudar mais para adquirir alguns dos conhecimentos necessários.
Já em terras norueguesas, o estudante aprofundou o estudo de foguetões com profissionais da área, em preparação para o foguetão que viriam a lançar nessa semana. “Ganhei um conhecimento prático muito grande – coisas como soldar componentes eletrónicos e saber passar coisas à prática – que, acredito, um dia será uma grande vantagem”, explica.
Gonçalo fez parte da equipa de experimentação em sensores, onde foi responsável pela construção, calibração e testagem do sensor ótico para o foguetão, que viria a atingir 9372 metros de altitude. Teve a oportunidade de acompanhar o lançamento a partir de uma sala onde recebeu os dados recolhidos pelos sensores a bordo à medida que estes eram enviados.
Oriundo de Viseu, o estudante partilha que, desde o secundário, o seu objetivo “era entrar em Engenharia Aeroespacial”, sublinhando que o Técnico é a instituição “com mais história neste curso”. Ainda antes de ingressar na faculdade, participou na edição de 2022 da Escola de Verão de Astronomia, organizada pelo Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico (NFIST). “[O Técnico] tem o prestígio de ter investigadores excelentes e um núcleo com história a construir foguetões”, comenta.
O balanço que faz da experiência é muito positivo. Participar na iniciativa “aprofundou significativamente a [sua] compreensão da ciência e engenharia por detrás da tecnologia de foguetões, e foi um passo central na jornada em direção a uma carreira na indústria espacial”. “Estou entusiasmado para aplicar aquilo que aprendi e continuar a debruçar-me sobre as fronteiras da exploração espacial – mais do que nunca, estou certo de que é nisto que quero trabalhar; é isto que adoro”, assegura o aluno.