Alumnus do Técnico selecionado como astronauta análogo para projeto que simula missões de longo prazo na Lua

Pedro Rosado é licenciado pelo Técnico em Engenharia Aeroespacial e integra a missão Asclepios V, que decorrerá na fortaleza Suíça de Sasso San Gottardo.

Dois anos depois de ter terminado a Licenciatura em Engenharia Aeroespacial do Instituto Superior Técnico, Pedro Rosado prepara-se para isolar-se nas profundezas de uma fortaleza construída dentro de uma montanha suíça – foi selecionado como astronauta análogo da missão Asclepios V e, entre 21 de julho e 6 de agosto, será um dos nove membros da equipa submetidos a condições extremas, com vista a simular as encontradas na superfície lunar durante uma missão espacial, testar tecnologias e protocolos e estudar o comportamento humano neste tipo de ambiente.

A Asclepios é um programa de missões para astronautas análogos concebidas e executadas por estudantes, sob mentoria de profissionais do setor aeroespacial. A Asclepios V, em particular, decorrerá no interior da antiga fortaleza militar Sasso San Gottardo, localizada nos Alpes suíços. Subterrâneo, o local oferece um ambiente escuro, frio e húmido, com temperaturas em torno de 10°C – características ideais para replicar o isolamento e as limitações de uma base lunar.

A missão tem duração aproximada de 16 dias, durante os quais os astronautas permanecem completamente isolados do mundo exterior, sem acesso a luz solar ou comunicação direta com o ambiente externo. Os recursos a que os astronautas têm acesso são também limitados, tal como em missões espaciais. A comida é liofilizada e controlada pela equipa de nutricionistas do Mission Control Center (“Centro de Controlo de Missões”), que é o único ponto de contacto entre a tripulação e o mundo exterior.

Pedro Rosado já enfrentou o processo de seleção e treino de seis meses, que diz ser “inspirado nos processos de recrutamento da ESA [(Agência Espacial Europeia)] e da NASA”. Testes técnicos e de raciocínio lógico, bem como avaliações cognitivas para testar memória, atenção, capacidade de resolução de problemas e pensamento crítico foram algumas das provas a que se submeteu, a par de treinos em ambientes extremos, como imersão em lagos gelados, práticas de sobrevivência em temperaturas muito baixas e simulações de gravidade zero em voos parabólicos. Os candidatos cumpriram ainda avaliações psicológicas para assegurar que possuem a estabilidade emocional, a adaptabilidade e a resistência mental necessárias para viver em confinamento prolongado, em condições de elevado stress e isolamento.

A importância dos projetos extracurriculares do Técnico para o percurso de um astronauta análogo

“O meu percurso no Técnico foi bastante enriquecedor e essencial para eu me sentir preparado para desafios como a missão Asclepios V”, defende Pedro Rosado. A Escola “permitiu[-lhe] adquirir não só as ferramentas técnicas, mas também o espírito crítico, a resiliência e o sentido de responsabilidade essenciais para participar numa missão análoga”, representando também “uma oportunidade de crescer num contexto colaborativo, onde o trabalho em equipa, a resolução de problemas complexos e a gestão de tempo são competências continuamente desenvolvidas”.

Antigo membro do Núcleo de Estudantes de Engenharia Aeroespacial do Técnico (AeroTéc), o astronauta análogo destacou ainda “a importância dos projetos extracurriculares promovidos por estudantes do Técnico, que [lhe] permitiram, desde cedo, aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula em contextos práticos e desafiantes”. Em particular, participar no Rocket Experiment Division (RED) do AeroTéc “foi uma experiência marcante”, que serviu de oportunidade para “aprofundar conhecimentos em engenharia aeroespacial, trabalhar em equipa com grande sentido de compromisso e adquirir uma visão mais concreta da aplicação da engenharia em projetos reais” — competências que hoje “reconhe[ce] como fundamentais para esta missão e para a [sua] futura carreira profissional”.

“Com o aproximar da missão, o nervosismo aumenta”, mas é também “acompanhado por uma forte motivação para dar o melhor, aprender o máximo possível e aproveitar a missão e todo o trabalho realizado pela equipa ao longo do ano”. Pedro Rosado fala mesmo numa “experiência profundamente significativa e transformadora”, cujos resultados “serão fundamentais para melhorar o planeamento de futuras missões tripuladas, minimizar riscos, otimizar recursos e assegurar o bem-estar e o desempenho das equipas em ambientes hostis como a Lua, Marte ou outros corpos celestes”.

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